O avô do Rodrigo tem uma fazenda em São José do Calçado, no ES, e a subida para o pico pelo lado do capixaba, não fica longe.
Nós saímos de Niterói por volta das 8:00 da manhã da quinta-feira. Chegamos na fazenda por volta das 16:00 horas e saímos logo em direção a Dores do Rio Preto. Chegamos por volta das 17:20 em um posto de gasolina e perguntamos como fazíamos para chegar na entrada capixaba do parque. Eles nos informaram que alguns metros a frente, nós deveríamos virar a direita em direção a Pedra Menina. Nesse ponto, já estávamos começando a ficar preocupados com o quanto de distância ainda tínhamos pela frente, porque o horário limite de entrada no Parque Nacional do Caparaó é as 18:00 horas. Resolvemos acelerar e depois de uma errada de caminho já em Pedra menina ( indo parar no meio de um cafezal), chegamos no Parque às 17:50h. Ufa!
A temperatura já estava caindo, e resolvemos colocar todos os nossos agasalhos logo, no banheiro da entrada do parque. Um dos funcionários, me viu com minha roupa e falou: É só isso que você tem? Você vai passar frio lá em cima! ( Detalhe; O "só isso" era: Blusa e calça térmicas, Fleece, casaco razoável, calça de snowboard, meia térmica, protetor de orelhas, protetor de nariz, gorro e luva). Entrei em pânico e achei que iria necrosar, e por isso aceitei o casaco pesado do funcionário, que insistiu que eu o levasse, pois ele tinha outros.
A taxa de visitação do parque é de 12,50 reais por pessoa, e o pernoite no Camping Casa Queimada custa 6,00 reais. Vale lembrar, que é preciso reservar sua estadia no Site do Parque, e esperar a confirmação por email.
O camping é bem legal, possui mesas, chuveiros e banheiros separados para homens e mulheres. Só não tem água quente, muito pelo contrário, a água é congelante. O estacionamento é do lado do Camping. Esse é um ponto muito bom da subida pelo ES. Nós não tinhamos certeza se realmente o estacionamento era perto do Camping e por isso não levamos muitas coisas que poderiam ter facilitado nossa dormida. Se soubéssemos desse fato, poderíamos ter levado mais casacos e até travesseiro, pois daria para deixar tudo no carro antes de começar a subida em si.
Montamos nossas barracas e preparamos no nosso fogareiro nossa super janta ( lê-se cup noodles).
Por volta das 21:00 nós já estávamos preparados para ir "dormir"pelo pouco tempo que teríamos até começar a subida. Para que a gente estivesse lá em cima no pico na hora do nascer do sol, precisaríamos acordar à 1:00 am e começar a subir no máximo às 2:00 am, para estar no cume por volta das 5:30 am.
Por isso, às 22:00 am, eu já estava deitada tentando dormir. Isso mesmo, tentando dormir.
Tinhamos saco de dormir e isolante térmico, mas para mim parecia que estava completamente descoberta. Eu não tinha idéia da temperatura que estava fazendo, mas eu estava congelando até os ossos. Coloquei o casaco do funcionário da recepção como se fosse um cobertor, mas mesmo assim nada de eu conseguir dormir. Quando foi por volta das 23:00 horas, eu vesti o casaco do funcionário por cima dos meus casacos. Só assim eu consegui dormir. Agradeço imensamente ao Arthur da portaria do parque por ele ter me emprestado o casaco dele e me impedido de morrer congelada. Hahaha.
Acordamos à 1:00 am, comemos uns sanduíches, colocamos nossas lanternas nas cabeças e às 1:50 am começamos a subida para o pico no meio da madrugada. Tinhamos lanternas e uma super lua cheia iluminando nosso caminho. Não fomos com guia... a trilha é bem demarcada e além disso, praticamente todo mundo sobe neste mesmo horário para ver o nascer do sol de lá de cima, então é bem tranquilo e cheio de gente subindo.
Em termos de dificuldade, eu diria que a trilha é moderada para difícil. Não porque tenha muitas partes difíceis, mas porque ela é uma trilha cansativa, com muita escalaminhada.
Conseguimos chegar no topo às 5:15am, e ainda estava escuro. Sentamos na pedra e esperamos o sol nascer com só os olhos de fora. Lá em cima é muito frio. O céu começou a mudar de cor logo depois que chegamos. Várias nuances diferentes foram surgindo, até que depois de 30 minutos mais ou menos o sol nasceu. E Que vista! Uma das mais bonitas que já vi. Estavámos acima das nuvens, no meio delas, parecia um mar de nuvens! Indescritível. Tiramos muitas fotos e depois preparamos para a descida. Chegamos de volta a Casa Queimada por volta de 11:50 am. Arrumamos nossas barracas e partimos em direção a fazenda do Avô do Rodrigo novamente, com uma sensação de realização. Além de mais um "check" em um dos itens da minha lista de "To-Dos".
Recomendo muito essa trilha pelo lado do Espirito Santo, apesar de nunca te-la feito pelo lado de Minas Gerais. Todos que já fizeram pelos dois lados, disseram que o lado do ES é mais íngrime e menos demorado. O lado de Minas, pelo que falam, tem menos subidas e por isso demora mais. Quase no cume as trilhas se encontram. Mas pelo lado do ES, nós passamos também por cima do Pico do Calçado, o quinto maior do Brasil (2849 m de altitude)!
Algumas recomendações para quem pretende ver o nascer do sol do terceiro pico mais alto do Brasil, subindo pelo lado do ES:
- Imprescindível levar lanterna
- Passar por cima do quinto pico mais alto do Brasil, o Pico do Calçado.
- Levar comida (sanduíches, biscoitos, miojo) e água. Tendo seu carro perto, você pode até levar panela e etc e fazer um super cachorro quente.
- NÃO poupe agasalho. Você só precisa tirar do carro para a sua barraca e não precisa subir com tudo. Leve até colchonete e travesseiro se quiser. Melhor ter a mais do que ter a menos.
- Na subida, você vai querer ir tirando suas roupas. Mas lembre-se que lá no cume faz muito frio. Então se por acaso você tirar, não esqueça de recoloca-las antes de chegar lá em cima. Eu subi sem o casaco do Arthur da portaria do parque ( mas fui com todos os meus outros itens). Não senti frio, pelo contrário, até tirei o fleece na subida, mas recoloquei antes de chegar no topo.
- Leve pouco peso na trilha. Como tem muita escalaminhada, o joelho agradece. Além disso, não tem muita necessidade de muitas coisas além de uns biscoitos e água.
- O parque tem outras atrações, como cachoeiras e grutas. Nós não tivemos tempo de conhecer, mas para quem for com mais tempo, pode ser uma boa.
A vista do pico é linda demais e todo o esforço e frio valem a pena!